Gestão de Óleo em Sistemas de Refrigeração por Amônia

Gestão de Óleo em Sistemas de Refrigeração por Amônia

Sistemas de refrigeração por amônia vêm passando por uma evolução significativa nas últimas décadas. Compressores maiores e mais rápidos, novos arranjos de evaporadores e a introdução de controles automatizados transformaram a operação das plantas frigoríficas. No entanto, uma prática ainda carrega resquícios do passado: a gestão de óleo lubrificante.

Em instalações industriais com amônia, manter o óleo dentro do compressor — e fora do lado de baixa — é uma tarefa contínua. Embora pareça secundária, ela influencia diretamente a eficiência térmica, a estabilidade operacional e os custos com manutenção e insumos.

Óleo e Amônia: uma relação de separação natural

A amônia e os óleos minerais utilizados em sistemas frigoríficos não se misturam. Essa imiscibilidade significa que o óleo tende a se separar do fluido refrigerante e se acumular nas partes baixas do sistema — como evaporadores, vasos de separação e linhas de retorno. Em sistemas de expansão por bomba ou por gravidade, esse comportamento é ainda mais evidente, pois o óleo não retorna naturalmente ao compressor com o fluxo de amônia vaporizada.

Esse acúmulo, se não tratado, compromete a transferência de calor, prejudica válvulas e bombas, e reduz a capacidade frigorífica da instalação. O sistema continua operando, mas com desempenho inferior ao projetado.

Compressores e arraste de óleo

Em compressores alternativos, parte do óleo escapa na forma de névoa pelo gás de descarga. Já em compressores de parafuso, o óleo é utilizado de forma mais intensiva: como lubrificante, fluido de vedação e meio de resfriamento interno. Em ambos os casos, ocorre o chamado arraste de óleo, ou seja, o transporte não intencional de óleo do compressor para os demais componentes do sistema.

Para lidar com isso, são empregados separadores de óleo instalados após a descarga do compressor. Historicamente, utilizavam-se separadores de malha metálica, com eficiência limitada. A partir da década de 1970, passaram a ser adotados separadores coalescentes, capazes de reter uma fração muito maior do óleo arrastado.

Separadores Coalescentes: uma mudança de patamar

Diferente das malhas tradicionais, os separadores coalescentes utilizam materiais fibrosos que capturam gotículas de óleo com alta eficiência. Ao se acumularem, essas gotículas se unem e escorrem por gravidade, sendo devolvidas ao sistema por meio de reservatórios e filtros.

Nos compressores de parafuso, esses separadores já fazem parte do padrão construtivo. Em compressores alternativos, seu uso vem se tornando cada vez mais comum — inclusive em retrofits. A principal vantagem é a redução significativa do óleo que escapa para o lado de baixa, o que diminui a necessidade de drenagens manuais e melhora a estabilidade da planta.

A drenagem manual ainda é necessária?

Nas plantas antigas, é comum encontrar operadores realizando drenagens manuais regulares nos evaporadores e vasos de sucção. Esse processo, além de demandar tempo e expor os trabalhadores ao risco, representa uma prática que pode ser minimizada ou eliminada com a adoção de equipamentos modernos de separação e retorno automático de óleo.

Quando bem dimensionado, um sistema com separador coalescente e reservatório de óleo aquecido pode alimentar os compressores automaticamente. O óleo separado não apenas deixa de contaminar o lado de baixa, como retorna ao compressor em condições adequadas de temperatura e viscosidade.

Atualizar é possível — e viável

Não é necessário substituir todos os compressores da planta para melhorar a gestão de óleo. Uma solução prática consiste em instalar um separador coalescente centralizado, na linha de descarga comum de todos os compressores. Esse equipamento, posicionado antes do condensador, captura o óleo de todos os circuitos simultaneamente, reduzindo perdas e melhorando o desempenho global da instalação.

Esse óleo pode ser filtrado, armazenado em um reservatório com aquecimento e redistribuído de forma automatizada a cada compressor, conforme a necessidade operacional.

Conclusão

A gestão de óleo em sistemas com amônia deixou de ser uma tarefa rotineira e manual para se tornar um componente estratégico da operação frigorífica. A adoção de tecnologias como separadores coalescentes e sistemas de retorno automático representa uma evolução técnica com impacto direto na eficiência térmica, na segurança e na economia operacional.

Manter o óleo onde ele deve estar — no compressor — é uma das formas mais simples e eficazes de garantir que o sistema opere com o desempenho para o qual foi projetado.

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