O calor invisível que consome energia e encarece o processo
O calor invisível que consome energia e encarece o processo
A operação de uma planta frigorífica é marcada por variáveis que nem sempre são visíveis a olho nu, mas que interferem diretamente no desempenho térmico do sistema. Produtos que entram com temperaturas diferentes, alterações no tempo de resfriamento, abertura frequente de portas, motores internos em funcionamento e ciclos de degelo são apenas alguns dos fatores que modificam, em tempo real, a carga térmica que o sistema precisa remover.
Essa carga não pode ser tratada como um número fixo ou um dado exclusivo de projeto. Ela deve ser interpretada como uma variável operacional — viva, mutável e diretamente ligada ao ritmo da planta. Cada ação operacional provoca uma resposta térmica, que repercute nos evaporadores, no compressor, no consumo de energia e até na formação de gelo nos trocadores.
Exemplo prático: ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Considere o resfriamento de 54 toneladas de carcaças suínas, partindo de 40 °C e chegando a 5°C. A carga térmica total do processo é a mesma, mas sua intensidade horária muda radicalmente conforme o tempo disponível para realizar a tarefa:
10 horas → 95.313 kcal/h
14 horas → 68.081 kcal/h
20 horas → 47.656 kcal/h
Ou seja, mesmo com a mesma massa e o mesmo objetivo térmico, a exigência sobre os componentes do sistema varia conforme a janela de tempo definida. Operar com uma meta mais agressiva (em menos tempo) exige mais dos evaporadores, aumenta a pressão sobre o compressor e pode comprometer o controle, caso não haja resposta adequada.
Outros fatores que impactam diretamente a carga térmica:
O degelo mal programado adiciona calor ao ambiente, e esse calor precisa ser removido depois — o que pode gerar um ciclo vicioso de sobrecarga se não for bem gerenciado;
A infiltração de ar externo por portas e aberturas pode representar até 50% da carga térmica em câmaras com tráfego intenso;
A iluminação, os motores internos e a presença de pessoas adicionam energia ao ambiente em forma de calor — e, embora não sejam facilmente quantificáveis no dia a dia, afetam diretamente o consumo energético.
Por que isso importa?
Porque operar um sistema sem entender a carga térmica real é como pilotar no nevoeiro: o sistema até funciona, mas não responde com precisão. A leitura da carga térmica — com base em dados, medições e interpretação técnica — permite não apenas identificar os sintomas de um sistema sobrecarregado, mas antecipar os efeitos de cada decisão operacional.
É esse tipo de leitura que transforma a rotina da sala de máquinas. Deixa de ser um jogo de tentativas, e passa a ser uma condução consciente, técnica e ajustada à realidade de cada turno.
Saiba mais em: https://lessenergy.com.br/cursos